e de repente o céu limpou. e as estrelas saíram.

será que foi a mandinga? ou já era pra ser assim?

de repente as palavras calaram.

e deu pra ouvir a respiração.

ver o sorriso congelado. os olhos aflitos. a mão gelada.

de repente me senti com quinze anos, pra lá dos vinte.

senti o coração pulsar forte. o rosto aproximar.

de repente o mundo se fez mais colorido.

de repente eu já era mais que um.

simples assim

incrível como o mundo teima em girar quando a gente menos espera.

e o que tava esquecido simplesmente aparece.

volta a vibrar. a encantar.

incrível como o coração ainda bate, mesmo quando o forçamos ao desuso.

e o sorriso aparece tão bobo, tão simples e tão seguro.

e tudo se torna tão bom. tão fácil.

tão colorido.

acredito

eu acredito.

no mágico, no inexplicado, no indescritível.
na força do pensamento e da razão.
no atribulado sentido da incompreensão.
em tudo que um olhar pode ser e descrever.
acredito no inusitado.
no universo paralelo. onde tudo pode ser. onde em tudo se pode crer.
acredito no arrependimento e na atitude.
na mudança e na vontade.

ah, sublime é aquele que tem esperança.
ele se torna um pouco mais feliz.

[imagem: miró, personnage et oiseau]

amor?

eu não amo você
e vou repetir isso
até acreditar que é verdade

.

[imagem: pablo picasso, mulher de cabelos amarelos, 1931]

versões

larry para alice: tudo é uma nova versão de outra coisa.

[closer]

a menina que sorri também é a mulher que te arranca a roupa.

desencontros

a vida é a arte do encontro.
no meu caso, acho que está mais pra desencontros.
desde pequena aprendi a ir embora, a deixar pra trás.
família, amigos, cachorros. paisagens e climas, estações e rotinas.
sempre aprendi a me adaptar. a procurar coisas novas.
algumas boas, outras nem tanto.
e com tantas idas e vindas meu coração foi ficando maior e mais forte.
mais difícil de magoar, mas mais duro pra apegar.
se isso é bom ou não? ...
próxima parada! amanhã a gente vê.

abstrações

a parte abstrata se desfaz

em cores, sabores, desejos

e o que resta é uma parte

daquilo que não tem segredo.

[imagem: miguel d'hera]